As realizações em Minas

 

Em 1894, Afonso Pavie deixou a França para seguir trabalhando em Minas Gerais. Sabe - se que o governo à época estimulou a vinda de imigrantes europeus devido haver a falta de mão - de  - obra qualificada suficientemente para atender a população em alguns setores, como a medicina. Pavie trabalhou como médico na construção da estrada de ferro Bahia - Minas. Após o término da construção, passou um ano em Teófilo Otoni e em 1900 instalou - se na cidade de Capelinha, onde viveu por 10 anos e casou - se com Maria da Conceição Guimarães. 

Auxiliou na formação da primeira Casa de Caridade de Capelinha, criada para atender à população carente, em boa parte formada por migrantes nordestinos fugidos da seca. Se tornou presidente da Conferência São Vicente de Paulo (nome da instituição de caridade) e juntamente com Herculano Pimenta de Figueiredo, Antônio Pimenta de Figueiredo e Sebastião Otoni iniciou a construção de um abrigo para os mais necessitados, que foi sendo ampliado com o passar dos anos através de doações de material de construção e mesmo mão - de  - obra dos capelinhenses. 

 (Nas fotos, o Abrigo São Vicente de Paulo e sua Capela - Capelinha /MG) 

 

Em 1911, o médico francês instalou - se em Itamarandiba. Aqui viveu até o fim de sua vida, em 1954. Foi esse também o período mais frutífero para suas ações médicas, políticas e sociais. Dado o sucesso da Conferência São Vicente de Paulo, iniciou a construção da Casa de Caridade de São João Batista, em Itamarandiba, culminando posteriormente com a cosntrução da Maternidade e instalações de um hospital com alas separadas para homens e mulheres, o laboratório e a botica. 

 (Foto: Santa Casa de Caridade, 1917)

 (Foto: Maternidade, 1932)

 (Foto: Procedimento de radiografia do acervo de dr. Afonso Pavie, sob licença do dr. Sebastião Gusmão)

 (Foto: Compostos químicos e medicamentos utilizados por dr. Pavie)

 

No campo social, dr. Afonso Pavie procurou fazer - se atuante. Na formação do grupo sanitário, de auxiliares de enfermagem e demais procedimentos, utilizou - se das pessoas simples da cidade. Á época não eram acessíveis os cursos de formação em saúde e mesmo que existissem nas cidades próximas como Diamantina, a maioria das pessoas não teria condições financeiras para pagar pelo ensino. A opção que a maioria das famílias fazia antes da chegada de Afonso Pavie a Itamarandiba era recorrer à medicina natural (chás, escalda - pés, cataplasmas feitos de plantas, infusões, as populares "garrafadas"), aos benzedores e às parteiras. E Afonso Pavie procurou incluir essas pessoas que já trabalhavam com a saúde no seu projeto inovador de atendimento médico: treinou as parteiras conhecidas do povo para serem as Damas da Cruz Vermelha. Quem conheceu e conviveu com senhoras como Sinhá Bié, Dona Jovelina, Dona Otília, Dona Memeca e muitas outras conta que dr. Afonso recomendava sempre ter muita higiene com as mãos e os uniforms de trabalho, principalmente.

  (Foto: Grupo sanitário em 1933. Acervo do dr. Afonso Pavie).

É interessante perceber a importância social da ação do dr. Pavie para com a comunidade itamarandibana. Em pleno começo do séc. XX, a inclusão de mulheres  na força de trabalho representa um passo muito grande rumo à igualdade de gênero,  conceito que ainda buscamos na modernidade. A Associação das Damas da Cruz Vermelha é também a quebra de tabus relacionados ao preconceito de cor e classe social, uma vez que em Itamarandiba a maioria da população era pobre e muitas das senhoras auxiliares de enfermagem eram também negras. 

 

No campo político, Afonso Pavie foi vereador especial durante o governo do prefeito Gentil de Melo Fernandes, o Coronel Gentil Fernandes, que durou 14 anos. Muito contribuiu para o restabelecimento da comarca de São João Batista. Foi diversas vezes presidente da Câmara de Vereadores. Conselheiro e amigo particular do prefeito, suas ideias foram levadas adiante e ajudaram no progresso e evolução de Itamarandiba.

 

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